Estudo do Aquecimento Global, e Escassez da Àgua.

Tuesday, March 07, 2006

Antártida perde camada de gelo e desertos africanos crescem

Antártida perde camada de gelo e desertos africanos crescem

da Efe

A Antártida perdeu uma parte considerável de sua camada de gelo e as secas aumentaram na África devido ao aquecimento global, segundo dois estudos divulgados hoje pela revista "Science". Ambos os relatórios foram publicados depois de a revista revelar que, pelo mesmo motivo, a quantidade de gelo jogado pelas geleiras da Groenlândia sobre o oceano Atlântico duplicou nos últimos anos.

Pesquisadores da Universidade do Colorado utilizaram os dados dos satélites da Nasa Grace-1 e Grace-2 para determinar o volume de perda sofrida pela camada de gelo da Antártida, que contém 90% da água doce do planeta.

Os satélites, enviados ao espaço em 2002 em uma órbita cerca de 500km acima da superfície terrestre, medem as variações mais sutis da massa e gravidade terrestres.

Separados por uma distância permanente de 220km, os satélites medem mudanças regionais no campo gravitacional, incluindo os causados pelo deslocamento de camadas de gelo, dos mares e da água contida em plataformas terrestres ou subaquáticas.

A perda sofrida pela Antártida equivale a 150km³ a cada ano, indicou o estudo que, como referência, informou que a cidade de Los Angeles utiliza anualmente o equivalente a 4,1 km³ (4,1 trilhões de litros) de água.

"Este é o primeiro estudo que indica que (...) a camada de gelo da Antártida está diminuindo vertiginosamente", afirmou Isabella Velicogna, do Instituto de Pesquisas em Ciências Ambientais da Universidade do Colorado e diretora do estudo.

A camada de gelo cobre ao redor de 98% da Antártida com uma profundidade de dois quilômetros. Uma avaliação realizada pelo Comitê Intergovernamental sobre Mudança Climática determinou em 2001 que essa camada aumentaria sua massa no século 21 devido a um aumento das chuvas como resultado do aquecimento global.

No entanto, segundo Velicogna, o novo estudo, realizado entre abril de 2002 e agosto de 2005, concluiu que a massa de gelo está perdendo volume e que grande parte desse fenômeno ocorreu na camada da Antártida ocidental.

"O equilíbrio geral do gelo antártico depende das mudanças regionais no interior e nas zonas costeiras (do continente). As remodelações citadas são provavelmente um bom indicador das condições climáticas em transformação nessa região", disse Velicogna.

Paralelamente, a desertificação aumentou na África, e até o final deste século o continente pode enfrentar uma escassez aguda de água devido ao aquecimento global, segundo previsão dos cientistas da Universidade de Cidade do Cabo (África do Sul).

Na África, onde as secas ocorrem regularmente e as pessoas dependem de fontes locais de água, as mudanças provocadas pelo clima "têm implicações potencialmente devastadoras", disseram os cientistas Maarten de Wit e Jacek Stankiewic no estudo divulgado pela "Science".

Em uma análise de rios e lagos do continente africano e projeções climáticas previstas para o século atual, os cientistas indicam que a menor precipitação pluvial afetará 25% do continente até 2100.

Alguns lugares que poderiam sofrer os maiores efeitos da mudança climática são zonas densamente povoadas do sul da África, África ocidental e algumas regiões do Alto Nilo, segundo os cientistas.

Há duas semanas, a mesma revista publicou outro estudo que revelou que o aquecimento global duplicou a quantidade de gelo que os glaciares da Groenlândia despejam sobre o Atlântico. Essa pesquisa coincidiu com outro estudo que, a partir da análise das condições climáticas de milhões de anos na Terra, conclui que nosso planeta está em um processo acelerado de aquecimento.



Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u14312.shtml

Saturday, February 04, 2006

Fusão do gelo da Groenlândia elevará nível do mar

Ciência & saúde Seg, 30 Jan - 10h18
Fusão do gelo da Groenlândia elevará nível do mar
EFE
Londres, 30 jan (EFE).- A provável fusão da camada de gelo da Groenlândia elevará o nível dos oceanos em sete metros daqui a mil anos, segundo as pessimistas previsões de um relatório oficial britânico.

Os países mais pobres serão as primeiras vítimas (mas não as únicas) dos efeitos inevitáveis da mudança climática, adverte o relatório, que resume as conclusões de uma conferência organizada pelo Escritório Meteorológica do Reino Unido em fevereiro de 2005.

"Os riscos da mudança climática podem ser piores do que pensávamos até agora", escreve no prefácio do documento o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair.

"Com um aquecimento do planeta superior a um grau, os riscos aumentam de modo significativo e rapidamente para os ecossistemas e as espécies vulneráveis", explica Bill Hare, do Instituto para a Pesquisa do Impacto do Clima, de Potsdam (Alemanha).

O instituto analisou mais de 70 estudos sobre o impacto da mudança climática nos recursos hídricos, na agricultura, na fauna e na flora.

"Com um aquecimento de entre um e dois graus aumentam de modo significativo os riscos gerais, e, em escala regional, o impacto é freqüentemente substancial", assinala o especialista.

"Acima dos dois graus, os riscos são muito mais elevados e podem causar a extinção de espécies e até mesmo colapsos do ecossistema, provocar fome e escassez de água e gerar danos socioeconômicos, sobretudo nos países em desenvolvimento", afirma Hare.

A União Européia tem como objetivo prevenir um aumento de mais de dois graus das temperaturas médias do planeta, mas, segundo o relatório, este aumento já é excessivo.

Segundo os autores do estudo, dois graus são suficientes para desencadear um processo de fusão das camadas de gelo da Groenlândia, o que teria um impacto enorme sobre o nível dos oceanos.

Alguns dos cientistas que contribuíram com o relatório publicado hoje se propuseram a calcular qual é a concentração de gases estufa na atmosfera que pode provocar esse aumento da temperatura.

Atualmente, a atmosfera contém aproximadamente 380 partes por milhão de dióxido de carbono, frente a 275 partes por milhão antes da revolução industrial, no século XIX.

Para que o aumento da temperatura seja de apenas dois graus Celsius, é preciso estabilizar as concentrações de gás estufa a 450 partes por milhão como máximo, assinalam Michel den Elzen, da Agência de Estudos Ambientais da Holanda, e Malte Meinshausenl do Centro Nacional Americano de Pesquisas Atmosféricas.

"Para estabilizar essas concentrações a um nível equivalente de 450 partes de dióxido de carbono por milhão, é imprescindível que as emissões globais de CO2 atinjam sua cota máxima por volta de 2015 e que sejam seguidas de reduções gerais de entre 30% e 40% em 2050 em relação aos níveis de 1990", assinalam esses especialistas.

Segundo eles, um aumento das temperaturas médias do planeta de apenas 2% pode gerar uma queda do rendimento das colheitas no mundo todo, triplicar as más colheitas na Europa e na Rússia e provocar um processo de desertificação no norte da África com o consequënte deslocamento de suas populações.

Outras conseqüências seriam uma grave escassez de água que afetaria 2,8 bilhões de pessoas, a difusão da malária pela África e pela América do Norte, o desaparecimento de 97% dos recifes de corais e a extinção de espécies como o urso polar e da morsa, pois os gelos do Ártico desapareceriam.

Ao se referir às estratégias que poderiam ser adotadas para combater este fenômeno, os especialistas assinalam que o maior problema não é o que se deriva das tecnologias ou dos custos, mas o de superar os obstáculos políticos e sociais e os interesses criados. EFE wm dgr/ta